“Na adolescência todas as vivências anteriores, suas gratificações e seus conflitos serão retomados, gerando um desequilíbrio entre as instâncias psíquicas, uma desestruturação do Ego, o que explica o comportamento impulsivo e instável do jovem. Mas a qualidade dessas vivências infantis, aliada ao relacionamento familiar na adolescência, a fatores constitucionais do sujeito e, ainda, à sua situação social e econômica, é que permitirá a integração, o afloramento da identidade pessoal, o assumir-se como pessoa capaz de realizar-se afetivamente, de constituir família, de trabalhar não só para prover o próprio sustento, mas de encontrar no trabalho uma fonte de gratificações e de crescimento pessoal.”
Clara Regina Rappaport
Se você não está passando, vai passar ou já passou. É um momento de vida especial, e que carrega muitas mudanças, incertezas, alegrias e angústias.
A pré-adolescência inicia em torno dos 10 anos de idade, onde ocorre o processo da puberdade e com ela o corpo entra em transformação, o jovem se sente desajeitado, esquisito, sua noção corporal se perde, e o que era de um jeito não é mais. É momento de explosão hormonal, mudanças biológicas, fisiológicas, assim como psicológicas.
A sexualidade começa a desabrochar, a qual estava adormecida na fase anterior.
A fase da adolescência propriamente dita, vai dos 13 aos 19 anos. O jovem configura sua sexualidade. A curiosidade e os desejos estão mais flexíveis. Até o momento de perceber e reconhecer sua sexualidade. Segundo Maurício Knobel, psicanalista argentino, a sexualidade adolescente pode ser considerada exploratória.
O desenvolvimento da inteligência passa gradativamente de um processo concreto para o modo abstrato. Na adolescência se conquista a última fase do cognitivo por maturação, onde já pode refletir pelo imaginário, formar hipóteses, visualizar ações possíveis, chamado de raciocínio formal. É a fase que é esperado aparecer questionamentos religiosos, políticos, atitudes sociais reivindicatórias, determinando escolhas de carreira, de parceiros, entre interesses filosóficos e ideológicos pela vida. O cérebro está ainda em formação, e com isso gera pensamentos alterados. O indivíduo adulto saudável possui a capacidade de refletir de forma integral, situação que o adolescente ainda não conquistou, e com isso escolhas, decisões podem ser distorcidas, e a influência grupal se configura. Embora é frequente encontrar adultos que não se interessam por desenvolver seu poder de discriminação e raciocínio.
Segundo Jean Piaget, biólogo, psicólogo e epistemólogo, a criança gradativamente é capaz de abandonar o realismo moral e adotar um critério mais subjetivo em seus julgamentos a respeito da justiça, bondade, mentira, etc, em torno dos 11, 12 anos. Os adolescentes iniciam sua capacitação ao comportamento e julgamentos morais. Dito isso, ressalto a importância da educação moral, sobre regras e condutas e qualquer orientação, ser iniciada na mais tenra idade, costumo falar, desde o ventre da mãe.
O cérebro está ainda em formação, e com isso gera pensamentos alterados. O indivíduo adulto saudável possui a capacidade de refletir de forma integral, situação que o adolescente ainda não conquistou
O momento é de: formar grupos de amigos e o desejo é ser aceito e incluído, de fantasiar sonhos e se deleitar com sua imaginação, de crises existenciais, volubilidade e condutas contraditórias, flutuação de humor e ânimo, ele pode ir do “8 ao 80” em curto período de tempo, colecionar ídolos idealizados em geral artistas, atletas, músicos, times, e heróis valorizados pela sua cultura. E também é chegada a hora de ocorrer a separação progressiva dos pais.
É questionado que o termo adolescência é uma invenção cultural. Em algumas sociedades não ocidentais, não há a passagem da infância para a fase adulta. A pessoa já tem condições de subsistir por conta própria? O que alguém necessita para ser adulto em um grupo? Se seu organismo já é capaz de reproduzir filhos, executar um trabalho, já é o suficiente.
Há sociedades que estabelecem os direitos e deveres legais referentes à vida adulta, como dirigir automóveis, votar em políticos, etc. Em cada cultura seja local ou familiar, aparecerá algumas diferenças.
Tanto que há culturas que a expectativa de independência se estende até o momento em que o jovem completar seu processo educacional e profissional, após sua especialização, pós-graduação etc. O aprendiz bem-sucedido concluirá aos 25 e 30 anos, só assim estará capacitado para se tornar um produtor social, constituir família e ter sua prole.
Portanto há comportamentos que são esperados e entendemos como saudáveis vindo de um adolescente, mas se você se encontra em dúvidas, o indicado é consultar um psicólogo especialista em adolescência, para saber se seu filho, sobrinho, aluno, ou conhecido está vivenciando uma saudável adolescência ou não. A linha pode ser tênue entre a normalidade e a disfunção. E também perceber que cada indivíduo tem sua particularidade.
Assista meu vídeo sobre Adolescência no meu canal do youtube, para maiores esclarecimentos.
#Adolescência
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